Ó Cruz gloriosa! De teus braços pendeu o tesouro precioso e a
redenção dos cativos. Por ti foi o mundo remido no sangue de seu Redentor. Salve, ó
Cruz, consagrada pelo corpo de Cristo, por seus membros ornada, quais pedras
preciosas.
Este texto abaixo, é a Segunda Leitura do Ofício das Leituras de hoje, dia 14 de setembro, dia da Exaltação da Santa Cruz.
Celebramos a festa da cruz; por ela
as trevas são repelidas e volta a luz. Celebramos a festa da cruz e junto com o
Crucificado somos levados para o alto para que, abandonando a terra com o
pecado, obtenhamos os céus. A posse da cruz é tão grande e de tão imenso valor
que seu possuidor possui um tesouro. Chamo com razão tesouro aquilo que há de
mais belo entre todos os bens pelo conteúdo e pela fama. Nele, por ele e para
ele reside toda a nossa salvação, e é restituída ao seu estado original.
Se não houvesse a cruz, Cristo não
seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho
com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes
da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o
documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado
da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a
morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno.
É, portanto, grande e preciosa a
cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto
maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes
quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória
de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo
é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos
infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo.
É chamada ainda de glória de Cristo,
e dita a exaltação de Cristo. Vemo-la como o cálice desejável e o termo dos
sofrimentos que Cristo suportou por nós. Que a cruz seja a glória de Cristo,
escuta-o a dizer: Agora, o Filho do homem é
glorificado e nele Deus é glorificado e logo o glorificará (Jo 13,31-32).
E de novo: Glorifica-me tu, Pai, com a glória
que tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5). E
repete: Pai, glorifica teu nome. Desceu então do
céu uma voz: Glorifiquei-o e tornarei a glorificar (Jo 12,28), indicando aquela glória
que então alcançou na cruz.
Que ainda a cruz seja a exaltação de
Cristo, escuta o que ele próprio diz: Quando
eu for exaltado, atrairei então todos a mim (cf. Jo 12,32). Bem vês
que a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.
(Dos
Sermões de Santo André de Creta, bispo - Séc.VIII).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qualquer comentário que contenha: insultos; palavrões; blasfêmias; propagandas heréticas; ou qualquer coisa que venha a ofender/denegrir a Fé Católica e a Igreja, há de ser apagado. Porém, se você, leitor, quiser fazer uma pergunta, pode fazer.